segunda-feira, 17 de out de 2022


Os eleitores mais pobres foram o alvo principal das mensagens do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro debate do segundo turno, na TV Band, em São Paulo, promovido por um pool de empresas — além da tevê paulista, o portal UOL, o jornal Folha de S.Paulo e a TV Cultura. A presença de apenas dois candidatos e as regras acordadas pelas equipes de campanha permitiram que o confronto transcorresse em ritmo ágil, sem muitas intervenções dos mediadores.

Bolsonaro pautou suas intervenções com o tema corrupção. Lula focou em seus oito anos de governo.
“Corrupto” e “mentiroso” foram adjetivos usados por ele ao longo de todo o programa. O ex-presidente vestia uma gravata em que predominavam listras verdes e amarelas e ostentava no paletó um broche da campanha contra abuso sexual de crianças e adolescentes. Bolsonaro apresentou-se de terno e gravata verde.

O debate começou com uma pergunta genérica para os dois candidatos sobre investimentos com um Orçamento limitado. Bolsonaro e Lula tiveram 1 minuto e 30 segundos para expor opiniões e propostas. Os dois disseram que é possível investir mesmo com recursos escassos. Mas foi Lula quem deu a primeira informação relevante: disse que o Congresso vai aprovar a reforma tributária “para taxar menos os mais pobres e taxar mais os mais ricos”.

A temperatura do programa se elevou quando os dois puderam participar de um debate franco, sem interrupções do mediador, cuja regra era apenas respeitar o tempo total de 15 minutos, que poderia ser administrado livremente. Ambos demonstraram habilidade, no primeiro bloco, para controlar o tempo. Lula mostrou-se mais à vontade no palco, caminhando em direção à câmera, enquanto Bolsonaro permaneceu estático. Saúde e pandemia, temperados com denúncias de corrupção de parte a parte, foram os temas mais explorados pelos dois, apesar de a primeira pergunta, feita por Lula, ter sido sobre quantas universidades e escolas técnicas federais Bolsonaro inaugurou no governo.

Bolsonaro rebateu citando a pandemia, tema que acabou dominando boa parte do bloco. Segundo ele, universidades e escolas ficaram fechadas durante a crise sanitária. E, rapidamente, rebateu com a informação do endividamento de mais de 1 milhão de jovens beneficiários do Fies, o programa de financiamento para estudantes. “O senhor endividou a garotada”, acusou Bolsonaro. Lula aproveitou o gancho e voltou com a discussão para pandemia, citando que o Brasil foi responsável por 11% de todas as mortes do mundo por covid-19 antes de perguntar sobre os motivos de as vacinas terem chegado com atraso no país.

O presidente levantou, no encerramento do programa, temas da agenda conservadora de costumes, com declarações contra o aborto, a “ideologia de gênero”, tradição cristã e a política de armar a população civil como sendo para “autodefesa”. “Não queremos que nossos filhos, ao irem para a escola frequentem o mesmo banheiro, como quer o lado de lá”, “nós queremos um país sem drogas, o lado de lá quer liberar as drogas”, “pelo respeito à legítima defesa” foram algumas de suas considerações finais.

Ao concluir sua participação, o ex-presidente Lula disse que Bolsonaro “é o cara com a maior cara de pau para contar inverdades aqui”. Lembrou que foi ele quem sancionou a Lei de Liberdade Religiosa, disse: “quem defende a democracia e a liberdade sou eu, muito mais do que ele”. Ainda chamou Bolsonaro de “pequeno ditadorzinho que quer ocupar a Suprema Corte”. Os dois candidatos voltarão a se encontrar no dia 28 — antevéspera da eleição —, no segundo e último debate desse segundo turno, nos estúdios da TV Globo, no Rio de Janeiro.

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