terça-feira, 15 de abr de 2025


Há já alguns anos que o 15 de abril marca oficialmente no calendário o Dia Mundial da Arte. Criada em 2012 pela Associação Internacional de Arte (IAA) e adotada pela Unesco em 2019, a celebração promove a conscientização sobre as diversas expressões artísticas e sua importância para a sociedade.

A data de hoje foi escolhida em homenagem ao aniversário de Leonardo da Vinci. O italiano, uma das principais figuras do Alto Renascimento, é considerado um símbolo da liberdade de expressão e do multiculturalismo, tendo atuado como pintor, escultor, poeta, músico e arquiteto.

É impossível falar em arte no Brasil sem, pelo menos, citar Pernambuco. Celeiro de grandes artistas, o estado viu florescer em suas terras manifestações culturais e movimentos artísticos que influenciam para além de suas delimitações geográficas.

Em referência ao Dia Mundial da Arte, elencamos alguns exemplos da força criativa dos pernambucanos, citando movimentos e expressões artísticas que são a cara do estado.

Forró 
Surgido dos bailes populares do Sertão de Pernambuco, no final do século 19, o forró é um termo que engloba diferentes gêneros musicais e de dança, como xote, baião e xaxado. Disseminado em todo o Nordeste, a manifestação passou a se popularizar nacionalmente com o pernambucano Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, nos anos 1950.

Artesanato do barro
A tradição milenar de moldar peças de artesanato a partir do barro ganhou em Pernambuco um terreno fértil para prosperar, seja em obras figurativas, utilitárias ou decorativas. Diretamente do Alto do Moura, em Caruaru, Mestre Vitalino registrou o cotidiano do Nordeste com seus bonecos, que foram para até no Museu do Louvre, em Paris. Cidades como Tracunhaém e Goiana, também carregam uma forte ligação com o barro.

Manguebeat 
Nascia no começo dos anos 1990, no Recife, um movimento com a proposta de tirar a cena cultural pernambucana do marasmo e denunciar as mazelas sociais através da arte. Com um caranguejo e uma antena parabólica enfiada na lama como símbolos, o manguebeat unia elementos da cultura regional, como o coco e o maracatu, à influência estrangeira do rock e do hip-hop. O músico Chico Science (1966-1997) foi seu maior representante.

Movimento Armorial
Ariano Suassuna idealizou o Movimento Armorial nos anos 1970, quando era Diretor do Departamento de Extensão Cultural da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com o apoio da instituição e de órgãos públicos, a iniciativa buscava criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular nordestina, abrangendo literatura, artes visuais, música, dança, teatro e outras linguagens.

Modernismo nas artes visuais 
Fundamental para a construção de um conceito de identidade nacional hegemônico, o modernismo em Pernambuco adquiriu características próprias, especialmente nas artes visuais. Com forte influência regionalista, o movimento atravessou gerações, encontrando destaque em nomes como Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Vicente do Rego Monteiro, Francisco Brennand, Abelardo da Hora e Tereza Costa Rêgo.

Cinema pernambucano
Na época do cinema mudo, nos anos 1920, o chamado Ciclo do Recife já levava às telas longas-metragens produzidos por aqui. Desde a sua retomada, com “O Baile Perfumado” (1997), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, o cinema pernambucano se tornou reconhecido por sua autoralidade, experimentação linguística e caráter político, ganhando o mundo atualmente através de cineastas como Kleber Mendonça Filho e Gabriel Mascaro.

Brega
Considerado Patrimônio Cultural Imaterial do Recife, o brega é um produto original das periferias recifenses, que se estende para além da música e da dança, influenciando a moda e até o jeito de falar. Seu apelo popular vai do romantismo rasgado de Reginaldo Rossi à irreverência do brega funk.

Manifestações populares do Carnaval
Quem vivencia a folia de carnaval em Pernambuco, inevitavelmente, se vê diante de manifestações culturais centenárias e com origens populares. Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco, o frevo comanda a festa, que carrega ainda outros ritmos musicais e danças, como ciranda, coco, maracatu e caboclinho.

Poesia 
Pernambuco é mesmo uma terra de poetas. Dos repentistas do Sertão do Pajeú aos autores homenageados em estátuas espalhadas pelo Recife, são muitos os artistas pernambucanos reverenciados pela beleza de seus versos. Entre os mais referendados, estão Manuel Bandeira, João Cabral de Melo Neto e Joaquim Cardozo.

Literatura de cordel 
Falando em poesia, a literatura de cordel merece um capítulo à parte. Tradição presente em vários estados nordestinos, é caracterizada pela narrativa em verso regular, com temática regional. Tradicionalmente, os poemas são ilustrados por desenhos em xilogravura, técnica que ainda influencia artistas contemporâneos e que teve entre seus grandes representantes o bezerrense J. Borges.

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