SDS estuda maior controle das armas de fogo usadas pela polícia em Pernambuco

  20 de julho de 2023
Fabiano Santos por Fabiano Santos

A Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco criou um grupo de trabalho para discutir novas medidas de segurança em relação às armas de fogo que pertencem ao acervo do Estado. A medida se mostra mais que necessária para evitar desvios e furtos de armas e munições como os que foram descobertos na Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil em 2021.

O grupo de trabalho, segundo a SDS, tem a finalidade de melhorar o controle e rastreabilidade de todas as armas usadas pelas forças de segurança, atendendo requisições oriundas do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE/PE).

“Trata-se de uma iniciativa para gerenciar e controlar com maior rigor e prestar informações mais fidedignas (ao TCE) sobre a situação das armas de fogo, ou seja, ajudar na elaboração de planos de investimentos para aquisição de novas armas, no plano de manutenção, assim como na recuperação das armas que se encontram apreendidas e que podem voltar ao uso operacional”, pontuou a SDS.

ARMAS DA POLÍCIA CIVIL FORAM VENDIDAS PARA FACÇÕES

Em janeiro de 2021, um policial civil identificou o sumiço de mais de 1,1 mil armas de fogo que estavam guardadas em um depósito da Core, que era localizada na área central do Recife.

Além das armas, mais de 3 mil munições foram furtadas. A perícia não encontrou sinais de arrombamento no depósito onde os materiais estavam guardados.

Por uma falha grave de segurança, no interior do setor de armaria não havia câmeras. Mas havia uma do lado de fora, apontada para a porta de entrada. Foi descoberto, no entanto, que o equipamento não funcionava 24 horas por dia.

Após meses de investigação, 20 pessoas – incluindo cinco policiais civis (um deles faleceu depois) – foram apontadas como responsáveis pelo esquema de desvio e venda de armas para facções criminosas que atuam no Grande Recife.

Interceptações telefônicas apontaram que armas foram comercializadas por valores que variavam de R$ 6,3 mil a 6,5 mil, cada uma. Já as submetralhadoras custavam R$ 22 mil nesse comércio ilegal.

Os acusados respondem por crimes como organização criminosa, comércio ilegal de armas de fogo, peculato, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva. Ainda não foram julgados pela Justiça e estão em liberdade por causa da demora no andamento do processo.

EM PERNAMBUCO, ARMAS DE FOGO SÃO USADAS EM 80% DAS MORTES

As armas de fogo foram usadas em 80% das mortes violentas em Pernambuco no primeiro trimestre de 2023, conforme estatísticas do governo estadual. O número é semelhante ao registrado ao longo do ano de 2022, quando 79% das vítimas de homicídio foram atingidas por tiros.

Por causa disso, a SDS também criou, no mês passado, outro grupo de trabalho para definir estratégias de controle das armas que circulam no Estado (nas mãos de civis), com metas a médio e curto prazo.

Dados da SDS apontaram que 2.015 armas de fogo foram apreendidas entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano.

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