segunda-feira, 06 de junho de 2022
Obras que poderiam evitar tragédias, como as dezenas de mortes registradas nas chuvas da última semana, em alguns casos, ainda não tiveram nem a autorização para início.
Dois dias após a chuva ter varrido a comunidade beira rio, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, distante cerca de 11 quilômetros da prefeitura da cidade, o prefeito João Campos (PSB) esteve no local. O cabelo bem penteado e a roupa engomada destoavam do que estava ao redor: um cenário de terra arrasada, com acúmulo de metralha das partes destruídas de casas, restos de roupas, móveis e pertences dos moradores. Em frente à câmera de um celular, o gestor foi diligente: “A prefeitura vai estar junto de todas as famílias que tiveram prejuízo”, prometeu. Como e quando a ajuda viria passaram a ser detalhes.
Esses “detalhes” não foram esquecidos pela primeira vez no Recife. A Autarquia de Urbanização da cidade (URB) até hoje mantém em andamento ou ainda a serem executadas obras prometidas desde 2012, para áreas como o Ibura (região com dezenas de mortes nos últimos dias em Jardim Monte Verde e Milagres), e até mesmo a própria Várzea, e que não foram concluídas.
As obras atrasadas fazem parte de um pacote de R$ 150 milhões, que tinham previsão entre um ano a um ano e três meses para serem finalizadas, mas agora contam com prazos até 2023 e sequer têm garantia do dinheiro necessário. Juntas, as intervenções em atraso somam R$ 119,7 milhões, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento Regional.
Fonte : Jornal do Comércio