quarta-feira, 13 de jul de 2022
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Pernambuco (OAB-PE), Fernando Ribeiro Lins, cobrou transparência da Polícia Civil do Estado em relação ao furto de mais de 1 mil armas de fogo, que estavam sob a guarda da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), na área central do Recife.
Em agosto de 2021, após a prisão de cinco policiais civis suspeitos de desviar e vender as armas de fogo para facções criminosas, a chefia da Polícia Civil de Pernambuco anunciou, em coletiva de imprensa, que 326 armas haviam sido furtadas. Mas, nessa segunda-feira (11), a coluna Ronda JC divulgou, em primeira mão, que o número de armas furtadas foi três vezes maior.
Documento interno da Polícia Civil, assinado pelo delegado Adelson Barbosa, na época lotado na Core, apontou que 1.131 armas – entre metralhadoras, pistolas e revólveres – desapareceram da unidade especializada.
“A OAB Pernambuco entende ser fundamental que haja transparência no acesso da imprensa e da sociedade como um todo à informação das instituições públicas, à exemplo da Polícia Civil. A Polícia Civil pernambucana tem mais de 200 anos, é uma instituição comprometida com a sociedade e não deve permitir ter a sua imagem maculada por conta dos maus profissionais que tenham passado por seus quadros”, afirmou Fernando Ribeiro Lins, em entrevista à coluna.
“A OAB Pernambuco segue acompanhando o tema por meio da sua Comissão Especial de Segurança Pública, contribuindo para o fortalecimento da democracia e do nosso estado democrático de direito”, completou o presidente da entidade.
O sumiço das armas foi descoberto por um comissário, responsável pela manutenção e conserto delas, em janeiro de 2021, logo após ele voltar de férias. Na ocasião, um inquérito policial foi instaurado e uma auditoria foi realizada pra identificar o número exato do desvio. Após as investigações, 20 suspeitos (incluindo quatro policiais, porque o quinto veio a falecer 19 dias após ser preso) foram indiciados e, posteriormente, viraram réus na Justiça.
Em abril de 2022, durante audiência de instrução e julgamento do caso, o delegado Adelson Barbosa prestou depoimento por videoconferência e, questionado pelo Ministério Público, voltou a confirmar que mais de 1 mil armas foram furtadas da Core.
No depoimento, o delegado disse ainda que foi repassada à Polícia Federal a lista das armas subtraídas para que os dados fossem incluídos no Sinarm (Sistema Nacional de Armas), do Ministério da Justiça.