sexta-feira, 01 de jul de 2022


Para um estado que na publicidade diz que está retomando a geração de emprego e melhorando a qualidade de vida dos pernambucanos, a revelação da pesquisa da FGV Social de que a mudança da pobreza de 2019 a 2021 por Unidade da Federação em pontos percentuais na pandemia ocorreu em maior intensidade em Pernambuco (8,14 pontos percentuais) é uma ducha de água fria no discurso que o Governo do Estado deseja imprimir.

Pernambuco é um estado cuja economia busca se aproximar da Bahia, que tem o maior PIB do Nordeste, e se distanciar do Ceará, que vem em terceiro lugar. E desde 2021 o Governo de Pernambuco tenta se apresentar como um estado saneado financeiramente, com alta capacidade de investimento público e como o maior gerador de empregos formal na Região.

O Projeto Retomada fixa entre 2021 e 2022 um investimento público de R$ 5 bilhões, com forte apelo no tema empregabilidade.

Mas os números de 2021 mostram o contrário, e o mais grave, a queda brutal do Estado em gerar renda. Mas contra fatos, não há argumentos. No município do Recife, o índice de pobreza chega a 11,4%, maior até mesmo que na Zona da Mata, com 11,1%. Isso rebate diretamente na Prefeitura do Recife.

O estudo da FGV Social diz que Pernambuco, com 8,14% de taxa de crescimento da pobreza entre 2019 e 2021, tem quase o dobro do Brasil, bem mais que a Bahia (4,90%) e é duas vezes e meia a do Ceará (3,785).

Isso não quer dizer que os dois estados do Nordeste estão melhores nesse indicador. Quer dizer que Pernambuco está entre os piores do Brasil. E que sua economia não gera renda, a despeito de um dos polos com maior capacidade de aplicações no mercado financeiro da Região.

No fundo, o que o estudo diz é que, aqui, a pobreza aumentou e que metade dos pernambucanos está na miséria, porque Pernambuco é o quarto com maior proporção de pobres, com taxa de 50,32%, abaixo do Maranhão (57,90%), Amazonas (51,42%) e Alagoas (50,36%). O Brasil tem média nesse indicador de 29,62%.

É pobre demais com renda de menos. Isso torna muito mais desafiadora a tarefa dos próximos gestores de Pernambuco e virou dever de casa de cada um dos possíveis candidatos ao governo a se debruçarem sobe os números para ver aonde estamos errando.

Naturalmente, quem hoje está na oposição atribui toda responsabilidade ao governador Paulo Câmara. É natural e previsível. Mas impõe um desafio maior às equipes do Governo do Estado em mergulhar para que a próxima gestão possa receber informações mais propositivas.

Do que menos Pernambuco precisa é de declaração periférica de candidato interessado em post de mídias sociais.

 por Fernando Castilho
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