sexta-feira, 30 de jun de 2023
A facção Trem Bala, que foi alvo de operação da polícia nessa quarta-feira (28), estaria usando uma gravadora musical para o lavagem de dinheiro adquirido com o tráfico de drogas. O dono da empresa e um cantor de funk estão sendo investigados por colaboração ao grupo criminoso, que é bastante violento e tem forte atuação no Litoral Sul de Pernambuco.
Segundo relatório da Polícia Civil, a gravadora musical investigada tem contratos firmados com vários artistas locais. Um deles seria gerente de uma boca de fumo localizada no distrito de Camela, em Ipojuca, no Grande Recife.
Numa recente operação realizada por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) para combater o tráfico de drogas na área rural de Nossa Senhora do Ó, também em Ipojuca, membros da Trem Bala foram localizados em uma casa onde acontecia uma festa de aniversário. O cantor de funk investigado estava lá, o que, para a polícia, é um claro sinal da íntima ligação dele com a facção. O MC conseguiu fugir.
“Foram analisadas as músicas cantadas, produzidas e divulgadas pelo MC, restando verificadas claras incitações ao crime e apologias à facção criminosa Trem Bala”, pontuou relatório da Polícia Civil.
Na Manguezal Vermelho, que cumpriu 24 mandados de prisão preventiva, não foram solicitadas medidas cautelares contra o dono da gravadora e contra o cantor de funk, mas ambos seguem sob investigação. Por isso os nomes deles não serão revelados.
Outro detalhe descoberto pela Polícia Civil é que apenas os cantores liberados pela facção podem se apresentar em determinadas áreas das praias de Porto de Galinhas, Maracaípe e Serrambi. Os músicos precisam de autorização antecipada do grupo.
Em 26 de dezembro de 2021, o cantor Paulo Roberto Gonçalves Cavalcanti, conhecido como MC Boco do Borel, foi assassinado, durante um show, em um bar de Serrambi. Segundo as investigações, o crime teria relação com disputa entre facções. O cantor teria sido morto porque o grupo que atua na área desconfiava que o MC era integrante de uma organização criminosa rival.
Boco do Borel chegou a ser preso, em 2020, após ser flagrado na posse de mais de meio quilo de pasta base de cocaína. Permaneceu dois meses no presídio e, lá, teria supostamente construído uma relação com a facção rival.