quarta-feira, 30 de jul de 2025


Em Pernambuco, entre 2017 e 2025, 19.191 crianças e adolescentes que estavam fora da escola ou em risco de evasão foram identificados e retornaram às salas de aula graças à Busca Ativa Escolar (BAE), uma estratégia desenvolvida pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) para apoiar estados e municípios no enfrentamento da exclusão escolar.

Esse número é considerado um avanço importante, pois demonstra que, quando as ações são coordenadas entre governos, escolas, famílias e comunidades, elas podem ser bem-sucedidas.

No entanto, é necessário um olhar atento para as mais de 43 mil crianças e adolescentes que ainda estão fora escola no estado, segundo dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio Contínua (PNAD Contínua) 2024, realizada pelo IBGE, e que estão tendo seu desenvolvimento educacional e social prejudicado.

De acordo com o mapeamento feito pela Unicef e disponível no site da Busca Ativa Escolar, o grupo de 15 a 17 anos concentra o maior índice de exclusão escolar, sendo essa etapa de matrícula obrigatória por lei. Em Pernambuco, 22.267 adolescentes estão fora da escola.

“Muitas vezes, o coração desse desafio reside na ideia de que são meninos e meninas que acumulam sucessivas reprovações, portanto, vêm de uma experiência de fracasso, e o próximo capítulo seria abandonar a escola”, afirmou Verônica Bezerra, especialista em Educação do Unicef no Brasil, em entrevista à coluna Enem e Educação.

No entanto, existem outros diversos fenômenos a serem observados que levam o arrastamento desses jovens para fora da sala de aula. A busca por trabalho, por exemplo, é uma realidade para muitos desses adolescentes, que se tornam parte da fonte de renda de suas famílias, quando não se veem como a único responsável por ela.

Nesse ponto, a escola também pode assumir o papel de potencializar as capacidades dos adolescentes para o mundo do trabalho desde que seja uma transição positiva.

“A educação em tempo integral é importantíssima por ser uma política que visa a preparação plena de cada um e cada uma, mas isso não pode estar em confronto ou desconsiderar essa outra banda da necessidade social, que empurra muitos jovens para fora da escola pela sobrevivência”, destacou Verônica.

Segundo ela, o diálogo que tem sido feito tanto em nível federal quanto estadual é no sentido de buscar uma melhor equação para essas demandas. “Seja fazendo uma transição para que haja a oportunidade de trabalho, mas que ele seja protegido e amparado concomitantemente ao que é feito na escola. Seja por meio de apoio, com o que a Unicef chama, por exemplo, de ‘Um Milhão de Oportunidades (1MiO)’, que é justamente essa ponte entre a escola efetiva e o mundo do trabalho decente”, destacou a especialista em Educação.
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