sábado, 25 de junho de 2022
O corpo de Bruno Pereira, um dos mais respeitados indigenistas brasileiros, foi cremado no Cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife, na tarde desta sexta-feira (24), por volta das 15h.
Antes da cremação, o velório foi marcado por despedidas de familiares, amigos e de indígenas, que fizeram um comovente ritual.
Os indígenas da aldeia Xucuru, localizada em Pesqueira, entoaram canções e danças fúnebres ao redor do caixão de Pereira, que foi decorado com uma foto do indigenista, bandeiras de Pernambuco e de seu time de coração, o Sport Clube do Recife.
Considerado um dos maiores especialistas em povos isolados do País, Bruno Pereira foi assassinado junto com o jornalista britânico Dom Phillips na região do Vale do Javari, no Amazonas. Bruno dedicou sua vida profissional à defesa dos povos indígenas.
Familiares, amigos e indígenas se despedem
“Sem dúvida, é uma perda que não tem como explicar o porquê de tudo isso. Como uma pessoa tão feliz pelo que fazia com empatia gigantesca com seu povo desaparecer da pior forma que poderia acontecer. É inaceitável, principalmente, pela omissão de quem deveria se responsabilizar”, disse Manoel Santos, um amigo de faculdade de Bruno.
O colega também questionou o inquérito. “Nós estamos numa situação muito estranha. O inquérito antes de terminar diz que não tem um mandante. Eu desconheço isso. Você pode falar isso depois que acabar o inquérito, não antes”, questionou.
“Todas essas pessoas que se envolvem com essas questões territoriais, a denúncia de mineração nas terras indígenas, tudo isso coloca em cheque os direitos dos povos indígenas. Eles estão no alvo como o que aconteceu com o Bruno e com o Dom”, afirmou Vânia Fialho, representante da Rede de Monitoramento de Direitos Indígenas em Pernambuco.