Embora a inflamação seja necessária para expulsar patógenos do organismo, em excesso, o mecanismo pode prejudicar o funcionamento das células e dos órgãos. Esse é o caso das tempestades de citocinas — cascatas inflamatórias durante uma infecção que podem sair do controle e levar a doenças graves e até à morte, conforme recentemente destacado durante a pandemia de covid-19.
Em um novo artigo publicado na revista Science, pesquisadores da Universidade de Genebra, na Suíça, descrevem uma proteína, a p38, capaz de interromper a produção da resposta inflamatória. De acordo com eles, o resultado do estudo abre caminho para o desenvolvimento de medicamentos para impedir a tempestade de citocinas.
O pesquisador Matthew Bowler, um dos autores do estudo, conta que a proteína é um tipo de quinase, grupo de enzimas que desempenha papel importante na regulação de processos complexos na célula, agindo como um “interruptor” para transmitir sinais e ativar a expressão genética. Eles fazem isso pelo mecanismo de fosforilação — adicionando fosfato a outras moléculas para modular sua função.
O trabalho de Bowler concentra-se particularmente nas MAP quinases, atores-chave envolvidos na resposta inflamatória. A inflamação é ativada através de uma série de quinases que se ativam mutuamente em uma cascata de reações, sendo a quinase final responsável pela ativação da transcrição genética necessária para a inflamação. Esse processo libera citocinas, moléculas sinalizadoras pró-inflamatórias que, em caso de superativação, podem levar a tempestades de citocinas.