De acordo com o geógrafo e professor do departamento de Ciências Geográficas e do Programa de Pós-Graduação da UFPE, Osvaldo Girão, as reações dos extremos climáticos – que resultaram nas fortes chuvas do ano passado – devem ser mais brandas neste ano devido às mudanças dos fenômenos naturais presentes na região.
“Este ano o outono foi menos chuvoso do que o ano passado. No mês de maio de 2022 tivemos índices que foram superiores aos 500mm, que provocaram inundações, quedas de barreiras, mortes. O que aconteceu nesta quarta-feira é o que chamamos de ‘Ondas de Leste’, um dos principais sistemas atmosféricos que atuam na região e que causa fortes chuvas. Fazendo um comparativo com o ano passado, estamos com chuvas no outono até um pouco abaixo da média. Para o inverno, vamos ver como as chuvas vão se comportar”, explica.
Ainda em retrospecto aos efeitos causados pelos sistemas atmosféricos, Osvaldo informa que a chegada do El Niño resulta na escassez das chuvas, que devem ficar na média prevista para o período de junho a setembro.
“Nos últimos três anos, a região estava sob o domínio do La Niña que propicia chuvas com volume maior. Então chove mais no verão, no outono e no inverno. Foi o que vimos em 2020, 2021 e 2022. Agora o El Niño tem probabilidade de chegar entre os meses de junho e setembro e, geralmente, este fenômeno promove uma escassez maior de chuvas na região. Isso indica que as chuvas fiquem dentro da média”, conclui o geógrafo.
No Brasil, mais de 25% das mortes por chuvas nos últimos nove anos ocorreram em 2022, de acordo com um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
MONITORAMENTO DA APAC
Um monitoramento realizado pela Apac comparou o acúmulo de chuvas entre os dias 1º e 24 de maio deste ano com relação ao mesmo período do ano passado.
Cidades da Região Metropolitana, como Recife, Jaboatão dos Guararapes, Abreu e Lima, Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho registraram -na maioria dos bairros que servem como pontos de aferição do volume de água- um índice pluviométrico menor.
No Recife, o bairro de Santo Amaro marcou um acúmulo de 172.6mm em 2023, número que foi menor quando comparado ao ano passado, com 173.0 mm.