Por fim, lembrou que segue aberto, até 23 de abril, um edital de ampla concorrência, para que pesquisadores apresentem projetos de pesquisa direcionados à Prevenção e Mitigação de Incidentes com Tubarões e de Invasões do Peixe Leão em Pernambuco.
As propostas aprovadas serão financiadas com recursos de capital, custeio e bolsas, no valor global estimado de R$ 500 mil do orçamento da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe).
O Cemit, que, apesar de continuar existindo de forma institucional, estava desmontado há anos, foi reinstalado de forma permanente após três pessoas serem mordidas por tubarão entre fevereiro e março de 2023 em Pernambuco.
O primeiro caso deste ano aconteceu em 20 de fevereiro, na Praia dos Milagres, em Olinda, com um surfista. O segundo, na altura da Igrejinha de Piedade, na Praia de Piedade, onde a vítima foi um adolescente de 14 anos. O mais recente, na Praia de Piedade, em uma área permitida para banho, mas perigosa; por se tratar de mar aberto. Uma adolescente de 15 anos perdeu o braço no incidente.
Com eles, o Estado contabiliza, agora, 77 ocorrências desde 1992, sendo 67 no continente e outras 10 no arquipélago de Fernando de Noronha.
Em março, o Cemit deixou de ser de responsabilidade da Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) para a Semas – com a intenção de analisar o problema sob o ponto de vista ambiental, não somente pelo socorro.
O novo governo de Raquel Lyra (PSDB) também anunciou a volta do monitoramento dos animais, descontinuada desde 2014.
As pesquisas acontecerão na segunda fase do Projeto Megamar – idealizado pelo engenheiro de pesquisa e professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Fábio Hazin – que também liderou o extinto Projeto de Pesquisa e Monitoramento de Tubarões no Estado de Pernambuco (Protuba) e faleceu em junho de 2021 pela covid-19.
O projeto teve início em julho do mesmo ano, com o objetivo de estudar a megafauna – como tubarões, botos, barracudas, raias e tartarugas. Hoje, é coordenado pelo professor da UFRPE e engenheiro de pesca José Carlos Pacheco e supervisionado por Paulo Oliveira.
Antes dos incidentes, o estudo seria feito apenas no entorno do Porto, capitaneado em R$ 1,5 milhão pelo Porto de Suape. Agora, irão até Olinda, com um acréscimo de R$ 500 mil nos investimentos, dado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, através da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe).
MONITORAMENTO DE TUBARÕES EM PERNAMBUCO
Os tubarões serão monitorados por em torno de 30 receptores acústicos que serão levados por uma embarcação até o fundo do mar nos locais mais críticos da costa. Desses, 20 foram adquiridos por Suape, e dez estão em processo de licitação, segundo a Semas.
Ao mesmo tempo, serão feitas 24 expedições para capturar, marcar e então soltar novamente animais das espécies tigre, cabeça-chata e galha preta em uma zona mais distante das praias.
Os dispositivos vão detectar quando os tubarões se aproximarem a até 500 metros no entorno. Então, de tempos em tempos, os receptores serão retirados do mar, e terão seus dados baixados e analisados pelos pesquisadores – o que servirá para entender melhor a dinâmica dos animais.