Cobrança de ingresso, bebidas e drogas: Saiba como funcionava ONG que explorava sexualmente adolescentes

  22 de março de 2023
Fabiano Santos por Fabiano Santos

Cobrança de ingressos, bebidas alcoólicas, drogas e adolescentes seminuas expostas para serem exploradas sexualmente. Era assim que funcionava, nos fins de semana, uma organização não-governamental (ONG) que acolhia menores de 18 anos em situação de vulnerabilidade no município de Paulista, no Grande Recife.

Após cerca de um mês de investigações, a Polícia Civil de Pernambuco deflagrou, no último sábado (18), uma operação para prender o presidente da ONG e encerrar os crimes que eram cometidos contra as adolescentes em situação de vulnerabilidade.

As investigações foram conduzidas pela 1ª Delegacia de Polícia de Crimes contra a Criança e Adolescente e Atos Infracionais a pedido do Ministério Público, que recebeu uma denúncia anônima.

“Essa exploração sexual de crianças e adolescentes já era um fato que seria grave em qualquer lugar, mas era em uma ONG, que existia para proteger, dar apoio às crianças e adolescentes. Existia para oferecer palestras, cursos, oficinas. Mas, nos fins de semana, o presidente dessa ONG aliciava adolescentes, cobrava entrada e fazia festinhas no local”, afirmou, nesta terça-feira, (21), o gestor do Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), delegado Darlson Macedo.

Durante a operação, denominada Pool Party, foram conduzidos para a delegacia o presidente do centro de apoio, seis adultos (sendo quatro homens e duas mulheres) e três adolescentes (duas com 17 anos e uma com 14).

O proprietário do centro de apoio, que não teve o nome divulgado pela polícia, foi preso temporariamente.

“O principal aliciador era o presidente dessa ONG. A gente tem a informação de que ele testava essas adolescentes, numa casa onde ele residia, e depois colocava elas para serem oferecidas aos ‘clientes’. Era cobrado R$ 50 pelo ingresso. O centro de apoio tinha muro com três metros de altura. Ninguém percebia a movimentação. E nos dias de semana, funcionava normalmente, com palestras e cursos”, disse o gestor do DPCA.

Segundo a polícia, há indícios de que as mulheres maiores de 18 anos também estariam se prostituindo no local. Mas a investigação ainda vai confirmar. Um homem com uma criança de 5 anos também foi encontrado no local, mas o delegado disse que não há indícios de que crianças também foram exploradas sexualmente.

Bebidas e uma quantidade de maconha também foram encontradas em mesas colocadas ao lado da piscina. Também foram apreendidos câmeras de segurança e três celulares.

Na delegacia, uma das adolescentes confirmou que era vítima de exploração sexual.

PRISÃO DO PRESIDENTE DA ONG

Além do mandado de prisão temporária, o presidente da ONG foi autuado em flagrante pelos crimes de favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável e fornecimento de bebida alcoólica a adolescente, informou a Polícia Civil.

Ele passou por audiência de custódia e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.

“Essa atividade criminosa precisava ser encerrada. Agora, com os desdobramentos, vamos descobrir mais vítimas e mais pessoas que aliciavam essas vítimas”, concluiu o delegado.

Em nota à imprensa, a Secretaria de Políticas Sociais e Direitos Humanos da Prefeitura de Paulista declarou que “não tem vínculo com ONG que atua no acolhimento de crianças e adolescentes”.

A defesa do presidente da entidade não foi encontrada para comentar o caso.

ESTATÍSTICAS DE ABUSO SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM PERNAMBUCO

De acordo com dados da Secretaria de Defesa Social (SDS), 103 meninos e meninas com idades até 11 anos foram vítimas de abuso sexual, em Pernambuco, nos dois primeiros meses de 2023.

Em relação aos adolescentes (12 a 17 anos), o número de casos chegou a 133.

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