Os professores da rede municipal de ensino do Recife podem paralisar as atividades a partir da próxima quarta-feira (29). Em assembleia realizada nesta terça-feira (21), a categoria decretou greve após mais uma rodada de negociação sem acordo com a gestão João Campos (PSB).
Sem acordo, os professores buscam que a gestão municipal aplique o reajuste de 14,95%, índice anunciado para recomposição do piso salarial, com rebatimento na carreira, ou seja, aplicação a todas as faixas salariais da categoria.
“Hoje houve uma mesa de negociação, onde a prefeitura não trouxe nada de novo, inclusive porque na última reunião foi dito que aquela era a última proposta. o que levou justamente os professores a entenderem que fecharam o canal de negociação”, diz o diretor financeiro do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino do Recife (Simpere), Edgard Luna.
Ainda segundo o sindicato, a proposta apresentada pela gestão João Campos foi de reajuste 6,95%, além do pagamento de 8% no modelo de abono.
“Ano passado a proposta já foi 23% com rebatimento em carreira e 12% em abono, com promessa de incorporação em 2023. Chegou este ano e a prefeitura disse que não tem como pagar. Aí vem agora com a proposta novamente de pagar 6,95% rebatido na carreira, mais abono 8%. Se não foi cumprido o do ano passado para este ano, imagine a sensação com essa política de abono novamente?”, ressalta Luna.
Para esta quarta-feira (22), o sindicato mobilizou os professores para aderirem ao “Dia Nacional de Luta”, que busca a aplicação do reajuste do piso salarial para toda a categoria, independentemente da faixa salarial, o que pode resultar em paralisação pontual das aulas na referida data.
Em nota, a Prefeitura do Recife afirma que, desde o mês de janeiro, faz o cumprimento do piso salarial dos professores, “garantindo que nenhum profissional, conforme a Lei nº 11.738 (de 16 de julho de 2018), receba abaixo do piso nacional, estabelecido pelo Governo Federal em R$ 4.420,55 para o ano de 2023”.
“Com relação aos profissionais que possuem vencimentos acima deste patamar, a gestão esclarece também que vem realizando mesas de negociação com o Sindicato Municipal dos Profissionais da Rede Oficial de Ensino do Recife (SIMPERE) desde o início de fevereiro para discutir o reajuste salarial da categoria para 2023. A gestão pontua ainda que a última proposta apresentada na mesa de negociação foi de 6,95% de reajuste salarial acrescida de 8% de abono, o que impactaria para este ano em 14,95%, cujo percentual é equivalente ao reajuste do piso. A proposição, porém, não foi aceita pela entidade”, afirma a gestão. Segundo a prefeitura, não houve contraproposta da categoria.
A gestão ressalta que “recebeu com surpresa a decretação da greve, diante das negociações em andamento e aguarda a comunicação formal do Sindicato”.
Ainda em nota, a prefeitura reforça que os professores decretaram, mas ainda não deflagraram a greve, portanto ainda não houve paralisação das atividades nas unidades escolares. A nova assembleia está prevista para o dia 29 de março.
“A Prefeitura do Recife espera que a categoria possa negociar de modo que a greve não seja deflagrada, pois a interrupção das atividades nas unidades escolares vai impactar diretamente a vida dos mais de 95 mil estudantes da rede, que terão prejuízos de aprendizagem e problemas no cumprimento do calendário no ano letivo, além prejuízos do acesso à alimentação escolar, pois não há condições de receber estudantes nas escolas e creches sem a presença dos professores, com prejuízos para crianças e suas famílias”, acrescenta a PCR.